Governo do Distrito Federal deve reforçar segurança. Em SP, Justiça proíbe Doria de impedir atos contra o governo federal
Jair Bolsonaro passeou de moto com apoiadores em Goiânia, ontem à tarde, após participar de evento militar
(foto: Facebook/Reprodução)
Brasília – As manifestações pró-governo Bolsonaro marcadas para 7 de setembro, estimuladas, inclusive, pelo próprio presidente da República, que já adiantou que participará dos atos em Brasília e São Paulo, preocupam as secretarias de Segurança Pública e o Congresso, que pedem reforço na segurança diante do risco de vandalismo e até invasão de prédios públicos. Na capital paulista, os atos já viraram caso judicial. O Tribunal de Justiça do estado decidiu ontem que o governador João Doria (PSDB) não pode proibir manifestações contra o governo, desde que ocorram em locais distintos dos protestos a favor do Planalto convocados para a Avenida Paulista.
Doria havia dito que,para evitar risco de confrontos, atos contra o governo federal não seriam permitidos no dia 7.
Líderes da oposição ao governo na Câmara assinaram requerimento para convocar o ministro da Justiça, Anderson Torres, para explicar as medidas tomadas pela pasta para evitar ataques contra instituições no feriado. Senado, Câmara e o Supremo Tribunal Federal (STF) pediram ao governo do Distrito Federal reforço na segurança da Esplanada dos Ministérios. A principal preocupação é com a presença de radicais bolsonaristas, incluindo policiais militares. O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou ponto facultativo às vésperas do feriado para evitar aglomerações. Ele afirmou que “manterá a segurança da população e dos manifestantes pacíficos”, e que o plano de contingência está sendo elaborado pela Secretaria de Segurança.
Questionado sobre as manifestações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou: "A gente tem que se esforçar para que os movimentos de rua aconteçam e sejam pacíficos grandes ou pequenos, isso é irrelevante. A gente tem trabalhado em Brasília para distensionar, diminuir, dirimir e exterminar com as versões". Segundo ele, o Brasil é "acostumado a solavancos" e que a antecipação do processo eleitoral "machuca o país". "Não cabe a qualquer político deixar de ser otimista ou tentar diminuir versões que são impostas", afirmou ele em evento promovido pela Federação Brasileira de Bancos.
Ele disse também que Bolsonaro é quem pauta o país, inclusive em relação a movimentos e manifestações previstos para o dia 7. "O presidente Bolsonaro, de uma maneira ou de outra, é quem pauta esse país. Certo ou errado, pautou com a situação do voto impresso e agora com 7 de Setembro. Nunca se falou tanto em 7 de Setembro na história do Brasil, pelo menos que eu me entendo como gente. A gente falava de 7 de Setembro organizando os desfiles das escolas municipais, estaduais e ia para a avenida para ver o Exército e a Polícia Militar desfilarem, mas só se fala em 7 de setembro. O humor das bolsas dos mercados está na hipótese do 7 de Setembro. Não haverá nada no 7 de Setembro", avaliou.
Em discurso em evento militar em Goiânia, ontem, Bolsonaro disse que o “Brasil vive momentos não muito tranquilos”. Sem agenda oficial à tarde, ele participou de motociata em Goiânia. Sem máscara, ele acenou a apoiadores pelo caminho. Horas antes, o presidente desembarcou na capital goiana para participar da cerimônia de passagem do Comando de Operações Especiais, onde o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes passou a função para o general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel. Nas redes sociais, ele postou um trecho de uma entrevista da TV Record na qual um policial militar de Goiás cita seu slogan eleitoral de 2018 para confirmar a ida ao ato. Na chegada ao local, Bolsonaro apertou a mão, abraçou e tirou selfies com apoiadores. As imagens também foram postadas por ele nas redes sociais.
''O Brasil vive momentos não muito tranquilos. Mas a certeza da resistência daqueles que têm acima de tudo a sua pátria conforta toda a nossa nação", afirmou. "Nos momentos mais difíceis da história, você, soldado brasileiro, sempre esteve presente. E o que está acima de tudo é o destino da nossa nação. Não temos vaidades, ambições ou sede do poder. Mas temos uma inabalável vontade e disposição para que a nossa Constituição, a nossa democracia, e a nossa liberdade sejam mantidos a qualquer preço".
Bolsonaro emendou que o alto comando está preocupado com o futuro do país e disse sair da solenidade "rejuvenescido e fortalecido". "A minha certeza de que estamos no caminho certo. Cada vez mais posso dizer a vocês que muito me orgulha em ser o comandante de todos vocês e ter o alto comando realmente dedicado e preocupado com o futuro da nossa pátria. Daqui saio rejuvenescido de que estamos no caminho certo. Nós fazemos o que tem que ser feito", concluiu.
Participaram também do evento o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Previdência), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), o general Eduardo Pazuello, Secretário de Estudos Estratégicos da Presidência da República e o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.
Em evento promovido pela XP Investimentos, o presidente do STF, Luiz Fux, na quinta-feira, afirmou: "Se um cidadão anuncia que está montando uma operação para invadir o STF, vamos esperar que haja essa invasão? Não. Temos que agir imediatamente, e, a posteriori, mandar os autos para o Ministério Público", afirmou ele durante evento promovido pela XP Investimentos. "É preferível evitar que cão morda. Se nós sabemos que estão sendo arquitetados atos antidemocráticos que podem gerar consequências gravíssimas, é dever do Judiciário utilizar a determinada tutela de urgência. Se nós sabemos que o crime está no caminho da consumação e que não há tempo suficiente para ouvir interessados, a própria lei diz que o juiz deve agir se verificar que há cometimento de crime". Ele fez a declaração em defesa do inquérito que apura a produção de notícias falsas e ofensas contra magistrados e disse que o Supremo acerta ao estabelecer medidas preventivas contra alguns dos alvos da investigação.