Prefeito licenciado de São Paulo tratava um câncer no sistema digestivo e estava internado desde 2 de maio no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Bruno Covas em cerimônia de apresentação do Centro de Pesquisas Avançadas de Grafeno, Nanomateriais e Nanotecnologias - MACKGRAPHE, no Comando Militar do Sudeste, em março de 2019. — Foto: Isac Nóbrega/PR
O prefeito licenciado de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que morreu vítima de câncer neste domingo (16), será sepultado no Cemitério do Paquetá, em Santos, no litoral de São Paulo, o mesmo que seu avô, Mário Covas, foi enterrado há 20 anos, após morrer de câncer na bexiga. O sepultamento ocorrerá ainda neste domingo e a prefeitura da cidade já enviou viaturas da Guarda Civil Municipal (GCM) ao local para evitar aglomerações.
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O corpo será levado para o Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, onde, às 13h, haverá no hall monumental do 3º andar uma cerimônia breve para familiares e amigos próximos. Depois, seguirá em carro aberto em um cortejo até a Praça Oswaldo Cruz.
Após a cerimônia, o corpo seguirá em cortejo para Santos, até o Cemitério do Paquetá, onde ele deverá ser sepultado. Ambas as ocasiões serão acompanhadas somente pela família.
Covas estava internado no Hospital Sírio-Libanês, no Centro da capital paulista, desde 2 de maio, quando se licenciou da prefeitura. Na sexta-feira (14), ele teve uma piora no quadro de saúde e a equipe médica informou que seu quadro havia se tornado irreversível.
Santista
Bruno nasceu em Santos, em 7 abril de 1980, filho de Pedro Lopes, engenheiro da Autoridade Portuária de Santos, e Renata Covas, a única filha mulher de Mário Covas e Lila. Ele era considerado o neto favorito de Mário Covas, que foi prefeito da capital na década de 1980 e governador do estado entre 1995 e 2001. O avô faleceu em 6 de março de 2001, também vítima de câncer na bexiga.
Aos 9 anos, passou a integrar o “Clube dos Tucaninhos”, cuja carteirinha de filiação era guardada por ele como recordação até depois de adulto. Aos 14 anos, Bruno Covas deixou o litoral e foi morar na cidade de São Paulo com o avô, no Palácio dos Bandeirantes, sede oficial do governo paulista. De acordo com funcionários, Bruno era “bem mais tranquilo para lidar do que o avô”.
Cursou o ensino médio no Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais da capital, onde conheceu um de seus grandes amigos, Luiz Álvaro Salles Aguiar de Menezes, que se tornou seu secretário municipal de Relações Internacionais décadas mais tarde.
Menezes disse que na escola os colegas se surpreendiam ao descobrir que Bruno era neto do governador. “Acho que eles esperavam uma figura engomadinha, e não aquele cabeludo com camiseta de rock n’roll sem manga que estudava com a gente”, contou, em entrevista ao SP1.
Vida política
Covas graduou-se em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ele iniciou a carreira política em 2004, quando se candidatou a vice-prefeito de Santos na chapa do correligionário Raul Christiano. Eles obtiveram 13% dos votos santistas.
Em 2006, quando tinha 26 anos, Bruno Covas sentiu o gosto da vitória nas urnas pela primeira vez ao ser eleito deputado estadual. Foi reeleito aos 30, com o maior número de votos. Depois, em 2011, assumiu o cargo de secretário Estadual do Meio Ambiente na gestão Geraldo Alckmin (PSDB), e, em 2014, venceu a eleição para deputado federal. No Congresso Nacional, votou pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Covas não completou o mandato como deputado federal. Voltou a São Paulo e se candidatou a vice-prefeito na chapa de João Doria (PSDB), em 2016. A dupla venceu no primeiro turno. O tucano assumiu a Prefeitura de São Paulo na sequência, em abril de 2018, quando Doria deixou o cargo para se candidatar a governador do estado.
Em outubro de 2019, iniciou o tratamento contra o câncer, que previu inicialmente 8 sessões de quimioterapia, sem deixar o cargo de prefeito e despachando por meio de assinaturas digitais.
Reeleição
Em 2 de janeiro de 2020, ainda em tratamento, o prefeito anunciou em entrevista à CBN que seria candidato à reeleição à Prefeitura de São Paulo. Adiante, suas principais promessas de campanha foram zerar a fila de creches, criar unidades de saúde (UPAs e UBSs), um programa de moradias populares na cidade, um sistema de transporte público por barcos e avançar no plano de privatizações.
Em maio, Covas chegou a se mudar para a sede da Prefeitura de São Paulo com a intenção de atuar em tempo integral no combate à pandemia do coronavírus, que avançava no mundo. No mês seguinte, foi diagnosticado com Covid-19, mas não teve sintomas.
Com o tumor regredindo, ele passou a se concentrar na campanha eleitoral. Mesmo em tratamento, fez muitas agendas externas. Sempre com máscara. Mas muitos desses compromissos ocorreram em ambientes cheios e fechados e por um longo período de tempo.
Começou atrás do então candidato Celso Russomano (Republicanos) nas pesquisas de intenção de voto, com percentuais em torno dos 20%. No final de outubro, contudo, subiu nas pesquisas e assumiu de vez a liderança. O tucano obteve 32,85% dos votos e foi para o segundo turno com Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu 20,24%. Ele venceu em todas as 58 zonas eleitorais da capital, incluindo a periferia.
Foi reeleito com 59,38% dos votos, 3 milhões, com um leque de alianças formado por 11 partidos e maioria na Câmara Municipal.